UCRÂNIA – PARTE 3
Gente - Viagens - 14/10/2023PARTE 3 Kiev a capital
Domingo 6:30, sol quase nascendo e eu já estava ligando a moto. Seriam 540 km até Kiev.
Me avisaram que não deveria fazer fotos e nem filmar lugares ditos “estratégicos”, incluindo pontes, viadutos e qualquer instalação, base ou veículos militares.
Estrada quase sempre boa. Passei por várias barreiras militares, a grande maioria nas cabeceiras de pontes, mas só fui parado uma vez. Apesar da dificuldade de comunicação, gastei um tempo para explicar minha presença e fui liberado.
No meio da tarde entrei em Kiev. Cidade grande com mais de 4 milhões de habitantes, bem estruturada, grandes avenidas, viadutos e modernos centros comerciais.
Kiev não tem o agito de Lviv, mas de noite a cidade pulsa forte e a roda gigante, bem no centro, gira toda iluminada. O comércio funciona e os negócios seguem a vida.
Não falta água nem combustível, mas há uma grande preocupação com a energia.
Veículos militares circulam por todo lado. Em alguns bairros há prédios destruídos. Há até uma exposição de blindados capturados do inimigo.
Fiquei hospedado em um albergue bem central. Um casarão com um grande pátio interno perfeito para deixar a moto, mas também cheio de mesinhas onde tudo acontece. Soldados indo e vindo do e para o front, em passagem pela capital. Voluntários e alguns jornalistas europeus.
Minha moto era um ótimo pretexto para início de um bom bate papo. Minhas viagens mundo afora, o paralelo com outras áreas em conflito e a ótica terceiro-mundista rendiam assuntos sem fim.
O dia a dia no front, o sofrimento da população, a divergência de muitos com os rumos da guerra, o impacto nas famílias, o exílio das mulheres, a indignação com a falta de perspectiva de paz a curto prazo…
Aprendi muito e fiz vários contatos que me ajudaram a explorar o país. Meu próximo passo seria conhecer de perto a região norte onde houve destruição, massacres e muito mais.
Mas antes, precisava resolver corrente, coroa e pinhão que chegaram ao fim com 30 mil km.