Medo? Sim!
Gente - 31/01/2018Provavelmente você conhece gente que chega a ficar paralisada, quando tem que enfrentar uma situação totalmente nova ou desconhecida. Por puro medo!
Já ouvimos várias vezes que somos “corajosos” e até “destemidos”. Não é verdade!
Vou contar para vocês, através de um pequeno episódio que vivemos cruzando a África, como fazemos para “construir” coragem e seguir adiante.
Era um trecho complicado, cheio de histórias de bandidagem, sequestros de estrangeiros e uma estrada de barro bem difícil.
Eu, a Beth e o Lorenz (um amigo com quem rodamos pela África) estávamos preocupados e com bastante medo do que ouvíamos. Sentamos em uma mesinha de bar e fomos listando, sem censura, os piores cenários que podiam nos acontecer (esse é nosso “Passo 1”). Chegamos ao seguinte:
- Sofrermos um sequestro;
- Sermos atacados por bandidos; e
- Sofrermos um acidente, pelas condições nesse trecho (com o agravante, de estar com uma moto carregada e com garupa).
Logo em seguida, filtramos eventuais “exageros” ou situações desconexas com a realidade (esse é nosso “Passo 2”). Descobrimos que havia pelo menos 3 anos que os bandos que praticavam sequestros tinham sido debelados. Portanto, eliminamos o primeiro item.
Começamos então a elaborar um Plano de Minimização de Riscos, para cada um dos itens pendentes (esse é nosso “Passo 3”):
Depois de um dia todo atrás de informações, chegamos a uma solução bem razoável. Combinamos com a polícia local a formação de um comboio para o dia seguinte. Seriam 3 caminhões e 2 motos (a minha e a do Lorenz).
Os caminhões eram todos de pessoal local, experientes nesse trecho. O risco de sermos atacados por bandidos tornou-se mínimo.
A Beth, os baús e as bagagens iriam em um dos caminhões. Sem carga o risco de sofrer um acidente seria realmente menor.
À medida que nosso plano avançava a confiança aumentava, até ficar claro que não havia mais nada nos impedindo de seguir adiante. O medo deu lugar à determinação. Estávamos então com a tal “coragem” para enfrentar a estrada.
No dia seguinte bem cedinho nos encontramos em frente ao posto policial. A Beth se acomodou na cabine do caminhão. Além dos galões de diesel, os caminhões levavam também água para todos nós e um pouco de gasolina para as motos.
Foram 2 dias alternando terra batida, barro e lama. Tivemos várias pequenas quedas e até um tombamento de um dos caminhões. Chegamos esgotados, sujos e esfomeados, mas estávamos felizes e tomados pelo sentimento impagável de vitória! Estávamos orgulhosos. Não deixamos de ter medo, mas achamos a coragem que precisávamos. Tínhamos motivos de sobra para comemorar e foi o que fizemos!
Marcelo Leite