UCRÂNIA – PARTE 4
Gente - Viagens - 16/10/2023PARTE 4 – Áreas retomadas
A fronteira com a Bielorrússia, aliado tradicional da Rússia, fica a menos de 200 km ao norte de Kiev.
Uma coisa é imaginar militares lutando em trincheiras com armamento pesado dos dois lados, blindados, etc… Outra coisa é ver casas e apartamentos de famílias completamente destruídos.
Prédios residenciais no chão. Salas, quartos, cozinhas, ainda mobiliados, pendurados em restos de edifícios em ruinas.
Entrei pelos escombros. Vi cadeiras, sofás, geladeira, bolsas, sapatos, roupas, restos da vida de gente comum no meio de toda a destruição.
Você pode imaginar que alguns morteiros atingiram essas áreas por engano, no meio do embate com as forças armadas opostas. Não! Não havia nenhum grupo militar ucraniano nesse episódio. Apenas a população local, a polícia e os bombeiros.
Em Bucha dezenas de homens foram metralhados atrás da igreja. Residências foram destruídas e muitas mulheres violentadas.
Em Borodyanka vi um imenso buraco onde havia um abrigo subterrâneo sobre o qual um prédio desmoronou matando todo mundo. Os restos ainda estavam à mostra.
Algumas pessoas se dispõem a falar sobre esses episódios. Apesar da dor, elas querem que o mundo saiba do ocorrido.
A Sra. Polina contou em detalhes como as coisas aconteceram, a família que perdeu, os vizinhos, os amigos, uma tragédia imensa. Também falou da situação atual. Como ela, muita gente perdeu tudo. Até hoje ela vive em um abrigo improvisado. O governo prometeu ajuda para reconstrução das residências atingidas, mas nada aconteceu nesse sentido.
Todo santo dia ela vai aos escombros do seu apartamento sob o pretexto de ver se não houve nenhum saque, mas parece muito mais um vínculo emocional com sua própria história pessoal que precisa ser mantido.
Atrocidades cometidas pelos soldados contra a população são descritas em detalhes. Mas ao mesmo tempo, há relatos de pelotões, a apenas alguns quilômetros de distância, que mantiveram uma postura quase “civilizada” e de respeito com os civis. Aparentemente o grau de “selvageria” depende de cada pelotão e de seu comando.
Ainda se discute o que foi ou não crime de guerra como se existisse um protocolo do que pode ser “aceito” em uma guerra. Não existe guerra que não arruíne a vida das pessoas comuns. Nenhuma guerra deveria ser aceita e ponto!
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